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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Baseado em fatos reais*

Por Caio BOB

“Meu vizinho jogou uma semente no meu quintal” (Bezerra da Silva)



Extraída da natureza, cultivada para ser usada como medicamento em tempos antes de Cristo (7000 a.C) na China, também utilizada como cosmético, além das suas fibras já terem servido para Johannes Gutemberg, inventor da imprensa rápida, como papel para seus livros, a Cannabis Sativa até hoje é utilizada pela população mundial. Estima-se que 200 milhões de pessoas façam uso de substâncias (alguns chamam de droga) ilícitas no mundo, destes, 160 milhões consome Maconha.

Consumida, utilizada e cultivada de inúmeras maneiras a Cannabis Sativa, ainda não é aceita por grande parte da população mundial. Alguns países aderem leis e praticas legais relacionadas à Maconha e seus usuários. Porém no Brasil ela não é aceita como uma substância legal e seus usuários são marginalizados pela sociedade, que é impulsionada pela mídia e leis proibicionistas que fazem o país regressar dentro de uma história CULTURAL plantada.

A sua chegada ao Brasil é uma história contada em salas de aula, quem não se lembra dos navios negreiros? Pois então, inicialmente utilizada pelos negros africanos, a Maconha já dentro da sua origem brasileira é vista com total preconceito. Os negros enquanto jogavam capoeira, faziam seus rituais religiosos usavam a Maconha. Porém para a “GRANDE ELITE” branca isso era algo do "demônio", algo errado e assim foi difundido pelo país e exemplificado nos fóruns internacionais de políticas sobre o consumo da Maconha. Quando o Brasil foi um dos principais países a defender a proibição mundial do comércio da cannabis. Essa proibição até hoje impera em nosso país, fazendo o Estado gastar “rios” de dinheiro no COMBATE ao narcotráfico e ações de criminalização do usuário. Hoje aquele que é visto com um cigarro de maconha é um criminoso, um “drogado” além de chegar a ser uma aberração aos olhos daqueles que não tem o hábito ou o costume de vivenciar esse “outro mundo” como é imposto pelas leis.

Os usuários devem viver na ilegalidade, não podem assumir suas condições para familiares, amigos, desconhecidos e principalmente para a polícia que cada vez mais utiliza da força bruta para mostra como é errado fumar maconha. Será que é tão absurdo um cigarro de maconha? O que dizer do álcool vendido livremente em que dados mostram que cerca de 10% da população brasileira é alcoólatra, isso representa que 18 milhões de pessoas ficam dependentes químicas, além de estudos mostram que o álcool é a substância que mais produz problemas de saúde e segurança pública no Brasil. Já o cigarro, segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 7,9 milhões de pessoas morrem todo ano no mundo por conta de um simples tabaco vendido livremente.

O álcool serve para que? O cigarro serve para que? Maconha serve para que? como listado no começo do artigo a cannabis pode ser utilizada e cultivada em inúmeras maneiras, depende da intenção do usuário, deste substância alucinógena, como em tratamentos médicos e confecção de roupas.

A proposta não é relacionar qual das substâncias faz mais mal, e sim demonstrar como os usuários são criminalizados injustamente. Pois mesmo com todas as leis de proibição é quase irrisório os números de morte ocasionados pela maconha. Você já viu, leu ou conhece alguém que morreu de overdose da “ERVA”?


Pois bem, caro leitor, os números de morte que temos registro são impulsionados pela ação do Estado no COMBATE (em vez de prevenção) as DROGAS.

Subir no morro, entrar na favela, percorrer a periferia atrás de traficante e acabar despejando a falta de informação e ações estimuladas pelo regime militar, faz cada dia mais vitimas. Pessoas estão morrendo ou sendo presas por conta da Lei, que analisa a maconha como algo errado. Porém, errado por quê? Errado é criminalizar os efeitos de uma substância e as pessoas que fazem o seu uso por conta de Leis não discutidas na sociedade. Quem conversa sobre Maconha, como conversa-se sobre futebol ou religião?

Os argumentos são inúmeros para o COMBATE, porém nenhuma solução é apresentada, cada dia mais apreensões de Maconha são feitas, “bandidos” jogados na cadeia, jovens estirados na calçada e não vemos o fim desse “mal” que o Estado brasileiro tenta nos mostrar. Por quê? Dinheiro tem para ser utilizado no COMBATE, mas aonde ele vai parar? Às vezes fico pensando, como pode tanta maconha entrar no país sendo que seu transporte é um dos mais complicados, sem comentar também que nunca ouvimos falar de plantação de maconha no morro ou dentro de uma zona periférica. Será que alguém sobe com isso para o morro? Mas quem? Por quê? As dúvidas não têm respostas exatas, e enquanto existir essas dúvidas, enquanto não for um assunto levado a sociedade para um debate amplo e plural, enquanto continuarem as afirmações de ações ao COMBATE...


Podemos ter certeza que o tráfico, a compra e o consumo não irão acabar assim como as mortes e a criminalização da pobre também não.

Não é possível afirmar, mas o número de usuários que sabem da sua responsabilidade e das ações perante a compra e o consumo é bem maior que os “ingênuos”. Porém isso não significa diretamente o financiamento do narcotráfico e muito menos a culpa por inúmeras mortes. A polêmica é: quem não sabe usar a Maconha; o Estado ou o usuário? Mais vale uma legalização ou uma proibição?

"vou apertar mais não acender agora..." (Bezerra da Silva)



*Baseado em fatos reais, é uma termo já bem utilizado, porém todo o relato apresentado acima é real e o autor vivenciou de alguma forma os efeitos da proibição.

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