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sábado, 13 de novembro de 2010

Comunicação livre e em rede

Por Mariana Freitas


Os mais curiosos podem enxergar que há no país diversas iniciativas de produzir comunicação alternativa. Na tentativa de compor um campo contra-hegemônico à mídia tradicional, que impõe a milhares de brasileiros a sua programação, o seu olhar, a sua verdade, muitas vezes embebida em preconceitos, padrões a serem seguidos e ditaduras. Para fugir aos interesses dos chamados barões da mídia, movimentos sociais, políticos e culturais das mais diversas matizes contribuem a cada dia para a pluralidade da informação. A internet contibui imensamente, apesar da limitação do acesso ser inegável e ainda não existir "educação para a mídia", como diz o professor Roberto Boaventura. Apenas 20% da população têm acesso à rede e em sua maioria, quando têm, não possui o hábito de usá-la como fonte de informação. São as redes sociais as páginas mais frequentadas pelos jovens das periferias.

As já tradicionais Rádios Comunitárias continuam cumprindo seu papel e informar e educar. A luta contra a criminalização dessas rádios e, consequentemente, de seus radialistas é uma das formas mais vis de censura e atento à liberdade de expressão, ao direito à comunicação. A pena para quem for pego tentando se comunicar, sem aval - dificilmente concedido pelo Ministério da Comunicação e sua política perversa - para se comunicar é maior que a pena por furto (ou algo assim). Já o jornais, tão importantes fontes de informação que também contribui com o fomento à leitura, padecem das dificuldade financeiras de impressão e distribuição. O custos impediram que iniciativas como a Revista Sina, uma das únicas revistas alternativas de Cuiabá, a tirassem de circulação. O agravante é a falta de textos para a publicação, pois se é difícil imprimir, imagine contratar jornalistas e equipe exclusiva. Quase um sonho.

Esses pontos de resistência são ligados, normalmente, à associações, movimentos, ONGs, coletivos, sindicatos, fórums e outros tantos mais. Isoladas ou com pouca ligação entre sim, nadam sozinhas contra a corrente que as abate. Apesar de terem conhecimentos da existência de algumas dessa iniciativas, os sites, por exemplo, dificilmente trabalham juntos. O conteúdo colaborativo, que não impediria a existência isolada desses blog e sites, facilitaria o acesso à informação do outro. Houve, sim, algumas tentativas de multiplicação da informação em rede, como Centro de Mídia Independente, site criado por jovens com ideologias libertárias que possuia núcleos de voluntários nas capitais mais importantes e divulgava manifestações e lutas da classe trabalhadora. Outro exemplo é o Overmundo. Ligado à divulgação da cultura (no sentido mais variado da coisa), mantém seu conteúdo em Creative Commons, licença que permite que qualquer um (re)publique alguma texto ou imagem dali, desde que contendo os créditos. Normalmente, a legião de colaboradores - regulares ou esporádicos - concorda que seus materiais estejam sob a licença e, muitas vezes, o publicam ali justamente por isso.

Também há o Brasil de Fato, jornal fundado em algum dos Fórum Sociais Mundiais que se dedica exclusivamente aos movimentos sociais latino-americanos. E a Agência Adital, mantida pela Fundação rei Tito, que segue essa mesma linha. Sobre a Comunicação, o Observatório do Direito à Comunicação possui um trabalho magnífico. Ligado ao Intervozes, eles publicam diversos livros com pesquisas e métodos de mensuração do tratamento da mídia. Porém, o trabalho em rede ainda não faz parte da realidade desses movimentos, tão unidos na mesma causa - o respeito aos direitos e humanos e a luta por um mundo melhor, através (ou não) da mudança nas estruturas política e econômica da nossa sociedade. 

É preciso criar algo que congregue os sindicatos, movimento estudantil e movimentos sociais de todos os gêneros. Porém, é preciso descentralizar o poder sobre a informação até nesse meio. É preciso que essas inciativas contribuam com algo sobre si, e sobre os outros, sem censura e com total liberdade de ideia e opinião. E com a possibilidade de reprodução disso pelos outros. 

Coletivos unidos fazem mais que indivíduos unidos e coletivos isolados.

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